terça-feira, fevereiro 13, 2007

Hoje eu quero fazer pensar...


Não sei se por estar em um momento muito a flor da pele... Mas algumas coisas têm me tocado muito ultimamente.
Acho que me desfiz da camada da indiferença.
Explico...
É muito cômodo que nós estejamos no auge da nossa vida boa, do nosso conforto, das nossas preocupações, da nossa vida atribulada e esqueçamos de que alguns precisam que parta de nós um olhar especial. E quando eu digo alguns, não me refiro só a pessoas, de uma forma geral, até me refiro a pessoas também, mas falo de tudo o que nos passa desapercebido.
Recentemente, eu tive acesso a alguns documentários sobre a situação em que se encontra o meio ambiente. Que tema interessante! Que coisa bonitinha, discutir o meio ambiente! Que nada! O fato não é só salvarmos um monte de árvores em extinção, ou simplesmente de reparar que os rios estão absurdamente poluídos ou que os animais no zoológico estão em uma gaiola de cimento, própria para a apreciação e imprópria para criação de qualquer espécie. É parar para pensar que tudo o que fazemos está se voltando contra nós. Não contra mim né? Eu tenho meu ar-condicionado e não sinto muito que o aquecimento da Terra está elevando a temperatura. Não sinto que até a empresa de distribuição de água desperdiça horrores... Eu tenho água encanada né? Minha conta chegando no final do mês e eu não preciso me incomodar com a futura guerra pela água enquanto eu tomo meu banho quente...
Tá... E quem não tem? E quem mora na beira dos rios e está tendo suas casas inundadas? E quem dependia do rio para sobreviver? Quem tira o sustento da sua família disso? Quem está vivendo sem água no sertão? E as crianças que estão morrendo de FOME. Já pensou nisso? Na fome? No que é sentir fome além daquela que nos incomoda perto da hora do almoço ou no final do dia. Pior... O que é ver seu filho te dizer: “Pai, mãe. Tou com FOME. A barriga tá doendo” e não ter NADA para dar.

“Sabe lá... O que é não ter e ter que ter pra dar... Sabe lá?”
(Djavan)

Assisti um filme por esses dias: “O resgate de Harrisson”. Inicialmente eu não tinha a mínima vontade... Mas, uma professora me fez assistir. Eu saí de lá com um aperto no coração. O filme retrata uma guerra e expõe todos os desrespeitos ao ser humano que ocorrem numa situação desse tipo. A questão lá é: “Quem é da mesma nacionalidade que eu, ganha de mim o direito de viver. Quem não, pode sofrer todas as maiores atrocidades...” Qual a diferença entre uma criança que nasceu aqui ou logo adiante. Não são todas crianças? Tá... Exagero pensar nisso numa situação de guerra. Ok. Mas, e o que acontece todos os dias, nas ruas, nas escolas, nas favelas.. Nós vivemos uma guerra. O importante é quanto você tem, a cor da sua pele, qual a marca do que você usa... E não quem você é. Que você é alguém como eu e que a vida nos expôs a situações diferentes... Que situação interessante... Avaliar as diferenças... As diferenças até no estilo de vida contam como um fator discriminatório. Como reverter essa situação? Consiga ver no outro, o que ele é, sem se preocupar com a cor, a crença, a raça, a opção sexual... Veja no outro um puro... Sem as amarras do preconceito.
E agora o que mais me toca... A indiferença. Como não se emocionar ao ver uma foto de um senhor que vive nas ruas com a seguinte legenda: “Ou as pessoas nem me notam, nem sentem que eu existo, ou sentem raiva de mim”, “É isso que dá vontade de roubar, de fazer mal”. A verdade é que a gente (e quando eu digo “a gente” sintam-se todos tocados) repele um pouco a miséria, a pobreza. Mas, com isso, nós simplesmente ignoramos os que se encontram nessa situação. E pare para pensar em quão angustiante é a ignorância, a indiferença.
Lance um olhar um pouco mais profundo quando você passar pelo centro da sua cidade e enxergar crianças pedindo... Se desprenda do “não vou dar dinheiro porque elas pedem para a droga” e tente ver em que condições vivem aquelas pessoas. Pare para pensar no que estamos fazendo uns aos outros, pelo simples fato de sermos indiferentes a tudo o que não nos atinge diretamente. Pare para ver o senhor de idade que pede dinheiro não só como um aposentado querendo uma grana extra, mas, como alguém que tentou sobreviver com o pouco que ganha e não conseguiu. Alguém que ainda quer trabalhar, para melhorar suas condições de vida, mas, não consegue espaço no mercado de trabalho. Quem sabe agora, com a Malhação discutindo o tema, a gente possa ver com melhores olhos o que nos cerca!
Não estou pedindo para que A, B ou C tentem mudar o mundo não. Na verdade, reconheço as limitações do poder público e do modelo econômico nessa situação. Mas, o que peço, é que a gente se deixe tocar pelo que nos cerca. Tanta coisa acontece além do que a Globo nos apresenta. Tanto deveria ser visto, tanto podemos fazer. Cada um do seu jeito, cada um puxando para si um pouco da responsabilidade que nos cabe... Nem que seja cutucando o ombro da pessoa que está do seu lado e dizendo: Vamos pensar a respeito? O que podemos fazer?

Um grito de alguns é mais ouvido que de um só.


“People killin', people dyin'
Children hurt and you hear them cryin'
Can you practice what you preach?
And would you turn the other cheek?
Father, Father, Father help us
Send some guidance from above
'Cause people got me, got me questionin'

Where is the love?”

“Pessoas matando, pessoas morrendo.
Crianças feridas e você escuta o choro delas.
Você pratica o que você prega?
E daria o outro lado para bater?
Pai, pai, pai nos ajude.
Envie alguma luz dos céus.
Por que as pessoas andam me perguntando.

Cadê o amor?”.

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